terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Artigo - ABC


Toni Nadal: “Rafael tem outra atitude depois da Austrália”


A linguagem corporal do tio Toni define muito bem  o que aconteceu na pista, focando em seu sobrinho desde que ele pegou uma paquete pela primeira vez. Na Austrália, o treinador mais popular do circuito elogiou o seu pupilo na derrota, convencido de que essa decepção é menor pelas formas e o orgulho. Rafa Nadal começa 2012 mais perto de Novak Djokovic, mas o percurso, segundo o preparador, tem mais desafios do que superar o muro do sérvio.

Vocês estão onde esperavam ou até mesmo o Australian Open foi mais do que esperado?

Sim, as coisas foram muito melhores em Melbourne, nós não podemos negar. Foram duas semanas de tênis em um bom nível e ficamos muito perto de ganhar.

Como que uma derrota é positiva?

Foi positivo pelas formas, mas perdemos, no final perdemos. Mas ao contrário, foi de outra maneira e isso é bom porque quando se melhora em seu jogo você se sai contente, é por isso que essa derrota nos ajudou. Sem culpa o nível era bom.

Metas para 2012?

Depois de tanto tempo, nossos objetivos quase sempre são os mesmos. O principal, longe das vitórias, é jogar bem, me preocupa mais que o resultado. Você nunca sabe o dia em que pode aparecer um novo jogador que pode complicar a sua vida, então você tem que manter o tom e estar entre os oitos melhor no final do ano. Sempre partimos desta base.

Você notou muitas mudanças na Austrália em relação ao Rafael de 2011?

Essencialmente, se jogou bem, especialmente na final. Perdemos, sim, mas diante de um rival muito difícil que também jogou perfeito e que está melhor. Mas as sensações foram muito boas e não teve nada a ver com as seis finais de 2011, onde não competimos bem.

Muito trabalho psicológico?

Eu não sei o que dizer. Sempre se faz algo. Quando se perde, procuram-se outras coisas, um jogo diferente, mudanças dinâmicas, mas nada especial.

Quantos vídeos de Novak Djokovic você viu?

Nós temos a forma de como jogar muito clara, sabemos o padrão a ser seguido. Nós não olhamos muito o rival. Rafael está jogando bem, agressivo, subtraindo-se e sacando bem. E conseguiu-se contra Djokovic. Mas tampouco gosto de fazer de uma partida algo exagerado. Sabemos que se ele pode ganhar e tem que fazer todo o possível, estamos mais perto.

Quanto?

Bem mais perto. É apenas mais um passo e não há nenhuma receita para seguir a linha e tentar jogar bem. É o de sempre e tentamos chegar até a final. Saímos motivados da Austrália e Rafael tem uma atitude diferente, acredito mais porque competiu muito bem. Ele viu que Djokovic não é invencível.

Qual foi o melhor ou pior do início da temporada?

O nível, em geral, é muito melhor. O saque e o resto estão bem, o jogo está mais regular, poucas falhas... Estou contente por tudo, embora sempre haja coisas que se podem melhorar.

Rafael sempre exalta que sabe perder.

Sim, essa atitude é indescritível. Mas não só no tênis, também na vida. Se você tiver um bom comportamento, as coisas estão indo bem.

Como ele se motiva para seguir lá?

Porque ele sempre quer melhorar, leva uma vida toda melhorando. Seu tênis, seus golpes, seu saque, sua mentalidade.

Pesam muito os anos juntos?

Não, não pesam. É como tudo. Às vezes você vê o copo meio cheio e outras meio vazio, mas eu estou muito feliz durante todos esse anos, estou muito agradecido pela forma que tudo tem acontecido.

Qual foi o pior?

As derrotas e as lesões. O esporte é inconstante, mas somos privilegiados, temos feito tudo certo, estou feliz.

Um treinador esgota?

Como tudo, é normal. Não conheço nenhum trabalha na vida onde tudo seja positivo. Não me esgoto muito, mas é meu trabalho. É verdade que tem uma pressão mais ou menos grande o nosso caso porque estamos ao nível máximo de competição, mas temos que demonstrar a cada semana e a cada partida que você é bom que tem gana de vencer. Não há espaço. Aqui, se você joga mal, você se vai.