"Rafa Nadal não é um produto de marketing, é ele mesmo"
- O espanhol de Jerez faz parte dessa pequena família que acompanha o espanhol pelo mundo: "Ele diz o que pensa, ninguém o orienta.
- Benito Perez-Barbadillo relações públicas de Rafael Nadal
O Benito Perez-Barbadillo é uma eminência em sua profissão, um inovador no mundo tempestuoso do marketing esportivo. A empresa que ele fundou e preside, B1PR, aconselha alguns dos melhores atletas de elite em seu relacionamento com a mídia. Ele, pessoalmente, mantém uma estreita relação com Rafael Nadal. É o seu gerente de RP, conselheiro e amigo, um membro da família que acompanha o espanhol para todo o mundo. Esta noite vai dar uma palestra na escola Guadalete em El Puerto, o centro onde começou a dar os primeiros passos para o sucesso.

BPB - Os celulares e e-mail chegam a sair fumaça, você sempre tem que ter cuidado. Minha empresa não trabalha apenas com Rafa, mas também com outras figuras, como Del Piero, Cambiasso... exigindo um trabalho contínuo. Embora seja claro que Nadal é o valor mais importante, o mais midiático que temos.
P - E como é trabalhar com ele?
BPB – Fácil e às vezes difícil. É um personagem tão famoso que todo mundo quer falar com ele, mas é por isso mesmo chegam muitos pedidos que não podemos comparecer.
P - Como é sua relação pessoal com o tenista ?
BPB - Muito boa. Toda a equipe é como uma pequena família que apoia uns aos outros. Se você tem um problema pessoal e comenta comigo, faço o mesmo. Há confiança.
P - Será que você diz ao Nadal o que ele tem que falar nas entrevistas ou conferências de imprensa?
BPB - Não, não de jeito nenhum. Na melhor das hipóteses eu posso lhe dizer como é essa situação, as coisas, mas é ele quem diz o que sente e pensa. O positivo sobre Nadal é que ele não é um produto de marketing, é ele mesmo. O que se pensa sobre ele é uma realidade. Além de ser uma pessoa inteligente. Pode me pedir conselhos sobre determinados temas, mas nada mais.
P - Como você taxa a imagem de Rafa Nadal, tanto na Espanha quanto no resto do mundo?
BPB - é um dos personagens mais famosos do mundo, e a sua imagem é muito boa e muito real, e um modelo para ambos, esportes e sociedade. Nada “divismo” apesar de estar no topo. É um exemplo de esforço e personalidade, e todos os espanhóis devemos estar muito orgulhoso da imagem exportada do nosso país.
P - Sempre usa as entrevistas para garantir que a imagem boa em grande parte se deve a si mesmo.
BPB - Claro, ele e a seus triunfos, porque senão fosse vencedor não seria tão famoso. Também tem que dar créditos ao trabalho desta família e as pessoas que não hesitam em dizer o que pensam.
P - Rafa é um dos que se encaixam bem no conselho?
BPB - Às vezes sim e às vezes não. Assim como todos ele erra.Uma pessoa que amadureceu bem com a idade, mas não mudou
P - Quais são as críticas mais prejudiciais que fizeram sobre sua imagem?
BPB - As acusações infundadas de coisas que são falsas e nem sequer desejo nomear - doping. Mas ele não se importa. Também prejudicam as críticas puramente maldosas e que ele não merece, não em termos de resultados, mas quanto à valorização do seu trabalho diário.
P - Também foi assessor de imprensa de Novak Djokovic. Existe muita diferença entre ambos os jogadores?
BPB - Há muitas diferenças, porque são duas pessoas muito diferentes. Para começar um sérvio e o outro espanhol. Na Sérvia, Djokovic é como um imperador, mas na Espanha poderia ter uma imagem ruim porque é o grande rival de Rafa e também o imitou, o que não agradou muitas pessoas. Eu acho que a percepção mudou porque foi bem tratado.
P - poderia ter dado uma situação semelhante à de Fernando Alonso e Lewis Hamilton.
BPB - Absolutamente, mas Nadal não é Alonso.
P - Por que se 'separou' do Djokovic?
BPB - foi uma escolha pessoal de vida. Aos 43 anos, eu não queria dar a volta ao mundo com Djokovic, um jogador de tênis mais caprichoso, então eu fiquei com o Rafa.
P – Nada l- Djokovic, Cristiano - Messi, Guardiola - Mourinho ... Vende mais a imagem de bad boy ou bom moço?
BPB - Para mim é muito melhor vender imagem de bom moço, as pessoas estão cansadas do mau. Embora particularmente depende da educação que você quer dar a uma família, à sociedade. Eu ainda fico com os bons.
Fonte: www.lavozdigital.es